A reforma e ampliação da Câmara de Vereadores de Erechim adotam conceitos e soluções que visam respeitar o edifício modernista existente, criando uma conexão harmoniosa e transparente com o anexo ampliado. O caráter democrático que o programa de atividades inspira foi determinante para a configuração de um partido de projeto que se inicia no espaço público. A praça como elemento ordenador da proposta é uma resposta para diversas determinantes de projeto, como: espaço multiuso, permeabilidade visual e espacial, edifício de referência. Partindo de um terreno com declividade acentuada, a continuidade da rua rampeada para dentro do projeto permite que a fachada da edificação se transforme em dois níveis distintos, promovendo a ampliação do acesso e a fruição pelos espaços. Diante das diretrizes a serem cumpridas, os desafios de ocupação, circulação, ventilação e insolação foram solucionados a partir da distribuição do programa segundo níveis de acesso e restrições, e aproximações entre atividades. A proposta prevê um único núcleo de circulação vertical e áreas molhadas, otimizando a infraestrutura do conjunto e fortalecendo a conexão entre as edificações. O elevador existente foi mantido, possibilitando a carga e descarga de áreas de armazenamento e apoio. A edificação existente concentrou o programa administrativo e de apoio, ordenando um acesso voltado aos servidores e colaboradores desses setores. Na edificação anexa, foram projetados os espaços de atendimento ao público, espaços de assembleia e áreas destinadas ao legislativo. Representando um espaço convidativo e transparente, o auditório do plenário se abre para a praça, podendo ter sua área ampliada a partir da reconfiguração de sua plateia. A fim de solucionar as grandes empenas cegas que configuram as laterais do edifício anexo, a proposta prevê um mezanino que extravasa o saguão e memorial, permitindo a melhor ventilação dos espaços superiores. No último pavimento, onde estão concentradas as salas dos vereadores, a estratégia utilizada para manter o fluxo de ventilação e iluminação naturais é uma cobertura leve em shed que gera conforto e economia com a luz da manhã. As fachadas frontal e posterior servem de corredor para luz e vento, sendo a principal, protegida por um brise metálico perfurado, e a posterior, por ter orientação sudeste, projetada com panos de vidro contínuos. A tônica na utilização de aberturas, rasgos e vidro responde às demandas do espírito público do edifício, de questões de ventilação e iluminação naturais, economia e sustentabilidade. A proposta prevê que todos os seus espaços sejam acessíveis ao público e conta com captação de água de chuva, reservatório de reuso de água e painéis fotovoltaicos.  O sistema construtivo misto, com uso de lajes nervuradas, lajes em concreto moldado em loco e vigas metálicas, traz robustez e ao mesmo tempo leveza e praticidade. Visando exequibilidade e economia, a obra se divide em duas fases, sendo o anexo e parte do núcleo de circulação vertical a primeira, e a reforma do edifício existente a segunda. Através de coesão, economia e articulações espaciais harmoniosas, a proposta se abre para a cidade como um convite à fruição da vida pública.